A Justiça britânica começa nesta segunda-feira a julgar a Polícia Metropolitana pela acusação de violar regras de saúde e segurança do público na operação que resultou na morte “por engano” do brasileiro Jean Charles de Menezes.
O julgamento, que deve durar em média seis semanas, abre a possibilidade de um inquérito sobre a atuação da polícia no caso.
A acusação é de que a operação em que Jean Charles foi morto dentro de uma estação de metrô londrina representou meramente um risco para o público.
O brasileiro foi vítima de um erro da polícia, a Scotland Yard, que se defende apontando a pressão criada pela iminência de ataques terroristas à capital britânica.
Jean Charles foi morto no dia 22 de julho de 2005, duas semanas depois de atentados a bomba que mataram dezenas de pessoas e um dia após novos atentados frustrados na cidade.
Familiares e defensores de Jean Charles têm expressado seu desapontamento com uma série de decisões que, segundo eles, reforça a impunidade da polícia no caso.
Um ano após a morte do brasileiro, a Promotoria britânica anunciou que nenhum policial seria acusado individualmente pelo episódio. Em vez disso, a Polícia Metropolitana como um todo seria processada por violar leis de saúde e segurança do público.
Só depois deste primeiro processo, que abre nesta segunda-feira, é que será conduzido um inquérito sobre as circunstâncias que levaram à morte do brasileiro.
A Justiça britânica decidiu, em junho deste ano, que o inquérito em relação ao caso deve ser conduzido independentemente do resultado do julgamento quanto às leis de saúde.
"Fragilidade grave"
A decisão de julgar a polícia londrina pela violação de regras de saúde e segurança do público no caso Jean Charles foi tomada pela Promotoria britânica com base em um relatório preparado pela Comissão Independente de Queixas contra a Polícia (IPCC, em inglês).
A mesma comissão preparou um outro relatório, chamado de Stockwell II, para investigar se houve acobertamento de fatos sobre a morte do brasileiro.
Este concluiu que houve "fragilidade grave" por parte da polícia na divulgação de informações ao público.
O relatório da comissão não mencionou o comandante da polícia, Ian Blair - que no dia seguinte à morte de Jean Charles afirmou que o brasileiro fugiu dos policiais e vestia, em pleno verão, um casaco pesado que poderia ocultar bombas. O que veio depois a ser desmentido por testemunhas oculares.
A comissão entendeu que um subalterno de Blair, o chefe da unidade de antiterrorismo da Scotland Yard, Andy Haymann, forneceu informações enganosas a seus superiores, levando a polícia a fazer declarações públicas erradas.
Os policiais de baixa hierarquia envolvidos no episódio foram inocentados de inquérito.
Em fevereiro deste ano, uma das oficiais que supervisionava a operação, Cressida Dick, foi promovida ao quarto cargo mais alto da Scotland Yard.
Fonte: site da BBC Brasil
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