Smallville pode até ser uma série que não precisava durar 10 anos, mas que em seu encerramento fez valer a longa espera.
A décima temporada foi feita para agradar fãs das antigas, referência atrás de referência, homenagem atrás de homenagem. Não dá pra falar desse desfecho sem falar no retorno de Lex, um desejo antigo dos produtores e dos fãs, que finalmente foi atendido nessa reta final. As cenas com Clark e Tess foram absolutamente tensas e recompensadoras, com toda a carga meio canastra, as referências históricas embutidas no diálogo e a velha mistura de inveja e admiração que o personagem sempre sentiu por seu arquiinimigo.
A participação de Lex foi pequena justamente porque esse não era o momento de colocá-lo no centro da ação, já que graças à amnésia providenciada nos últimos minutos a promessa que fica é de embates futuros. Afinal, ao proferir "eu sou o vilão dessa história", Lex se referia à história do Superman, não de Smallville.
Também homenageados nessa despedida, e com uma participação maior vieram Jonathan e Martha Kent. De qualquer forma, foi a escolha dos produtores para honrar a influência que os Kent tiveram na formação de Clark como herói e tendo problemas ou não, preciso admitir que foi bonito.
Não tão dentro da ação, graças a uma desculpinha esfarrapada de acessar um banco de dados em Star City, estava Chloe, a personagem mais querida dos fãs da série. Allison Mack ficou afastada em grande parte da temporada, participando apenas de 8 episódios, mas a importância de sua Chloe Sullivan, que por muito tempo carregou a série nas costas, jamais será esquecida.
Coube a Chloe o papel de narradora de basicamente toda a série, quando no início do episódio duplo, a vimos com seu filho, 7 anos no futuro, contando a jornada de um rapaz que, guiado por seus pais (terráqueos e biológicos), aceitou o destino de proteger a humanidade.
Ao que tudo indica, Chloe realizou seu desejo de reencontrar a essência da adolescente nerd que colecionava fatos estranhos para seu mural, e ainda teve seu final feliz não apenas como sidekick de Clark, mas assumindo a sua própria condição de heroína e construindo uma vida própria com Oliver Queen.
Oliver foi ponto de partida para a derrota do vilão da temporada, Darkseid. Marcado pela "escuridão", o arqueiro foi responsável por impedir o primeiro casamento de Clark e Lois, mas depois de uma luta repleta de slow motion e diálogos "do bem", se livrou do problema à base de "muita luz" e ainda foi responsável por eliminar a Trindade que ajudava o vilão.
A ideia da humanidade toda "possuída" por seus próprios sentimentos negativos, e o fato de Clark ser o responsável por libertá-la dessa sombra foi a melhor maneira de encerrar a história do jovem de Pequenópolis.
E quem melhor pra representar escuridão do que Lionel Luthor? Deus do céu, John Glover nunca esteve tão assustador como nesse episódio e foi mais do que espetacular ver o personagem do mundo alternativo morrendo nas mãos da própria filha, espelhando a morte do Lionel original, pelas mãos de Lex. Cassidy Freeman como Tess então, estava irrepreensível e foi uma morte sentida, já que a personagem se estabeleceu muito bem depois de um começo conturbado, em que tinha a obrigação de substituir Lex.
Erica Durance entrou na série como alívio cômico e a nova gostosona para o deleite dos nerds, mas adicionou nuances o suficiente para nos convencer que ela é Lois Lane, a intrépida repórter essencial para "manter Clark no chão", como Chloe bem explicou.
Quanto a Tom Welling não dá pra não vibrar quando ele finalmente veste a icônica roupa do Superman e decola para salvar a humanidade. E a cena final, em que o tema clássico do Superman toca enquanto ele adia o próprio casamento para fazer a boa ação do dia, comprova isso. Para o alto e avante, Clark Kent!
Depois de uma década, Smallville chega ao fim exatamente no ponto em que queria mostrar. A transformação do Superboy no Superman.
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