O gênio do samba, Cartola, completaria hoje cem anos

Do Portal G1
Foto: Blog Acerto de Contas

O homem que mudou o jeito de fazer samba completaria cem anos hoje. Angenor de Oliveira, o genial Cartola, imortalizou canções que são obras-primas da música brasileira.

Cartola era um menino franzino e tímido. Aos 11 anos, ele foi morar com os pais no Morro de Mangueira. Aos 15 anos, já trabalhava de pedreiro e era o melhor da região. O menino usava um chapéu coco para proteger os cabelos do cimento e ganhou logo o apelido: Cartola.

Em 1925, aos 17 anos, ele juntou um grupo de amigos do morro e fundou um bloco de carnaval que mais tarde iria ganhar as cores verde e rosa e virar escola de samba.

O pessoal dos primeiros blocos não tinha dinheiro para comprar os instrumentos usados naquela época, como violões, cavaquinhos, flautas e clarinetes. Cartola e os amigos tiveram a idéia de reforçar a percussão, usando justamente os tambores, chocalhos, pandeiros: coisas que pudessem ser feitas pelos próprios batuqueiros. Nascia, assim, o ritmo que ia incendiar o carnaval.

“Precisava de muita gente para acompanhar aquela percussão. Eles adaptaram os atabaques, até porque os atabaques foram feitos para serem tocados parados. A música era outra. Estava formada a escola de samba”, explica a historiadora Marília Barboza.

Nos anos 50, Cartola sumiu da Mangueira. Pensaram que o compositor tinha morrido. Até que ele foi encontrado por um amigo lavando carros em troca de alguns trocados. Foi quando Cartola voltou à cena, ao samba e ao sucesso .

Aos 60 anos de idade, Cartola gravou o primeiro disco, casou-se com Dona Zica e comoveu o Brasil com o lirismo de suas canções.

Cartola morreu em 1980. Três anos depois foi homenageado no desfile da Mangueira. Como disse Nelson Sargento, outro poeta do morro: “Cartola foi um sonho que a gente teve”.