terça-feira, 14 de outubro de 2008

"Som Brasil" é vida inteligente em horário inóspito

Do Terra

Arte só se completa com público. Por isso mesmo o horário que a Rede Globo exibe o bom Som Brasil é quase um desserviço à música brasileira. Quase porque, apesar de ser apresentado entre 1:30 h e 2 h da madrugada, ele ainda consegue admiráveis cinco ou seis pontos de audiência e participação entre 31 e 43%.

O programa imita o britânico Later, do pianista Jools Holland, no qual os artistas convidados se apresentam em palcos contíguos, dentro do mesmo estúdio. Em seus 16 anos, o original inglês levou ao ar meio mundo do rock, dos consagrados Radiohead e Bjork, aos mais recentes Arcade Fire e Artic Monkeys.

Felizmente o Som Brasil não é apenas uma cópia do modelo importado, e incorporou uma homenagem a algum grande artista da MPB. Já foram saudados Vinicius, Caetano, Milton, Noel, Raul, Ivan, Gonzaguinha, Djavan, Gil, Lulu, Gonzagão, Cazuza, Edu Lobo e Ary Barroso. No próximo dia 31, será a vez de Cartola, pela voz de Alcione, Vanessa da Mata, Pedro Miranda, Teresa Cristina, Pedro Morais e o Grupo Semente.

A linha central do programa, porém, permanece a mesma. Vários grupos se revezam nas apresentações, com releituras das obras do homenageado. E nessa idéia simples reside toda a beleza do Som Brasil. Os arranjos costumam ser bem diferentes dos originais, assim como o timbre dos cantores. Algumas mudanças são surpreendentes, como as versões mais nervosas dos Autoramas às músicas de Erasmo Carlos ou a roupagem de tango que Para dizer adeus, de Edu Lobo, ganhou com Thaís Gulin.

O programa ainda apresenta ao público grupos que praticamente nunca têm a chance de se apresentar na TV, entre eles, Móveis Coloniais de Acaju, Orquestra Imperial, Shirle de Moraes, Andréia Dias, Las Chicas e tantos outros artistas. E as novas versões de antigos sucessos, como Nina Becker, em Fita Amarela, de Noel Rosa, ou Luiza Possi, em Azul, de Djavan, renovam grandes composições e instigam o público mais jovem a conhecer as gravações clássicas dessas obras, respectivamente, na voz de Aracy de Almeida e do próprio Djavan.

Som Brasil é hoje um programa cult, feito para ser ouvido como som ambiente em reuniões e festas madrugadas adentro. Mas ele também funciona como vitrine da diversidade da música brasileira que continua a ser feita em todo o país. Pena que não é apresentada em um horário com mais telespectadores acordados. Como ensina a economia, a distribuição ainda é o grande gargalo na cadeia produtiva. Ainda mais com a música, um setor estratégico.

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