Aqui se faz, aqui se paga: Corinthians é rebaixado para a Série B
Por Antonio Colossi e Reuters
O Corinthians e seus milhões de torcedores foram rebaixados para a Série B do Campeonato Brasileiro neste domingo. O golpe final veio após o empate de 1 x 1 com o Grêmio, no estádio Olímpico. Os alvinegros precisavam da vitória, já que o rival Goiás bateu o Internacional em Goiânia por 2 x 1.
Após o apito final, alguns jogadores desabaram no chão e caíram no choro, com o capitão Betão e o zagueiro Zelão. O goleiro Felipe, ídolo solitário, aplaudiu os mais de 3 mil torcedores que foram a Porto Alegre para ver a partida.
"Essa torcida não merece isso. Estão gritando o nome do Corinthians até agora e eu vou ficar aqui para levar essa torcida de volta para o Série A. Não é o fim do mundo, a vida vai continuar", afirmou o goleiro a jornalistas.
Aos gritos de "ão ão ão segunda divisão", os atletas deixaram o gramado, após meses de aflição. Diretoria investigada pela polícia, renúncia do presidente, três técnicos e equipe inexperiente formar o saldo de 2007 para o clube de segunda maior torcida no país.
O Corinthians chegou a Porto Alegre precisando da vitória para evitar o rebaixamento para a Série B sem depender de outros resultados. E atuou como um time que admite suas limitações. Por conta disso, o técnico Nelsinho Baptista armou a equipe com três zagueiros e três volantes, incluindo a entrada de Vampeta na equipe titular.
Sem o artilheiro Finazzi, suspenso, o time buscou uma referência de ataque com Clodoaldo. Mas logo no primeiro minuto de jogo, a equipe paulista viu suas redes balançarem: o atacante Jonas, de cabeça, desviou uma cobrança de falta vinda do lateral-esquerdo Bustos.
Sem criatividade, o Corinthians sofria para conter o Grêmio, que quase ampliou em duas boas chances. Quando os gaúchos diminuiu o ritmo. Foi aí que os paulistas aproveitaram.
Sem criatividade, o Corinthians sofria para conter o Grêmio, que quase ampliou em duas boas chances. Quando os gaúchos diminuiu o ritmo. Foi aí que os paulistas aproveitaram.
Aos 30 minutos, Carlos Alberto foi lançado pela direita e cruzou para Clodoaldo empurrar para as redes. O resultado mantinha o Corinthians na primeira divisão, já que o Goiás empatava com o Inter no estádio Serra Dourada.
No segundo tempo, era um olho em Porto Alegre e outro em Goiânia. A torcida gremista explodiu após o Goiás virar o jogo contra o Internacional em uma cobrança de pênalti que teve de ser feita três vezes --Paulo Baier desperdiçou as duas primeiras, mas o árbitro mandou repetir duas cobranças.
Depois disso, Nelsinho colocou três jogadores ofensivos em campo: Arce, Aílton e Héverton. De nada adiantou. Mesmo precisando de um gol, o time paulista só esboçou uma pressão. Foi incapaz de criar boas jogadas. Levantava a bola na área na esperança de Clodoaldo marcar.
Minutos depois do apito final, a torcida do Corinthians voltou a incentivar a equipe, cantando "Eu nunca vou te abandonar".
Minutos depois do apito final, a torcida do Corinthians voltou a incentivar a equipe, cantando "Eu nunca vou te abandonar".
Com o empate, o time encerra o campeonato com uma campanha pífia: 43 pontos, sendo 10 vitórias, 14 empates e 14 derrotas, com 40 gols marcados e 50 sofridos.
Os outros times rebaixados são Paraná, Juventude e América-RN. O Goiás se salvou. Na ponta de cima da tabela, o Cruzeiro ficou com a última vaga na Copa Libertadores, ao lado de Flamengo, Santos e do campeão São Paulo.
DOIS ANOS DE SOFRIMENTO
O rebaixamento começou a ser cavado no fim de 2004, quando o clube, liderado pelo então presidente Alberto Dualib, aprovou uma parceria com a MSI (Media Sports Investiment), fundo de investimentos cuja origem do dinheiro era desconhecida.
Com os milhões da MSI, vieram astros como Carlitos Tevez, Javier Mascherano, Carlos Alberto, Nilmar e o título brasileiro de 2005.
O preço por aquela conquista, porém, tornou-se caro demais. Logo no ano seguinte, o clube foi eliminado da Copa Libertadores, seu maior desejo. Brigas entre dirigentes corintianos e o homem-forte da parceria, o iraniano radicado na Inglaterra Kia Joorabchian, se acentuavam.
Na metade do ano passado, Kia foi para Londres e nunca mais voltou. Aos poucos, os principais atletas foram saindo, e o clube parecia perdido, dentro e fora de campo. No Brasileiro chegou a ser ameaçado de cair para a segunda divisão, mas escapou graças a uma boa sequência no final.
Em 2007, a crise se agravou. Depois de ficar fora do quadrangular final do Campeonato Paulista, o time começou o torneio nacional desacreditado, sob o comando de Paulo César Carpegiani. O bom início foi apenas uma ilusão, e os maus resultados surgiram.
Enquanto isso, a Polícia Federal investigava sonegação fiscal e lavagem de dinheiro no clube e divulgava escutas telefônicas que deixaram Kia, Dualib e outros dirigentes em situação complicada. Os grampos indicam, entre outras ações fraudulentas, que alguns jogadores recebiam salários no exterior.
Pressionado, Dualib renunciou em setembro, após 14 anos no cargo, e no mês seguinte, Andrés Sanchez foi eleito presidente.
Naquele momento, o treinador já não era Carpegiani, demitido no final agosto. Zé Augusto, da categoria de base, foi efetivado. E também dispensado cerca de um mês depois, quando Nelsinho chegou.
Tempos conturbados no Corinthians que culminaram com a pior crise de sua história.
0 comentários: