Por Cristina Possamai
Crônica Popular
Era maio de 2001, eu sempre esqueço do dia, mas lembro exatamente do mês. Eu somava apenas 13 anos quando descobri o que é se sentir completa e totalmente extasiada com o termino de um livro. Era o primeiro volume da série Operação Cavalo de Tróia do espanhol Juan Jose Benítez, e desvendar aquelas 557 páginas ditas como adultas foi a minha primeira grande viagem literária. Eu teria outras mais tarde, porém, essa seria aquela que mudaria a minha vida, sem intrometer termos exagerados ou clichês, a leitura daquele livro foi como um divisor de águas, ao menos para mim.
Muito mais profundo do que futuro “Código da Vinci” e plenamente mais acessível do que uma leitura da Bíblia Sagrada, eu fui apresentada através de Benítez a um Jesus de carne, osso e luz, uma visão que moldaria e revolucionaria toda a minha religiosidade. Então rufam os tambores e questiona-se o obvio: por que?
Ficção, romance, loucura ou realismo a história que em nada se assemelha ao cavalo gigante de madeira que proporcionou a vitória dos gregos sobre os troianos, a “OCP”, como é abreviada pelos leitores, narra uma possível viagem no tempo protagonizada pelos viajantes Jasão e Eliseu, que teriam regredido até a Palestina de Cristo e acompanhado os últimos passos do filho de Deus.
Sem nos delongarmos em detalhes secundários como o de veracidade, permitam-me revelar o “quê” de extraordinário que razem essa coletânea de atuais oito edições, espera-se o lançamento do nono e último livro para novembro desse a
no.
no.Durante sua dita estadia, o major americano Jasão teria relatado fielmente cada passo seu e de seu companheiro em um suposto diário, que fora entregue ao escritor espanhol. O sublime da obra não esta na “aventura” no tempo dos dois militares, e sim na convivência e na presença de diálogos que estes travaram com o Mestre. A beleza dessas conversas beira a perfeição, os ensinamentos que se atribuem a Jesus parecem tão mais reais e condizentes com a nossa assimilação dos que os encontrados na Bíblia, chegando a ponto de desviarem a sua atenção da maluquice que é uma viagem no tempo. Você se concentra mais nas palavras D’ele do que nas probabilidades daquele ser ou não real, tanto que com o avançar da leitura a sua vontade é que aquilo seja sim verdade.
Jasão e Eliseu se misturam aos seguidores de Jesus, tornando-se íntimos a Ele e toda a sua família. Tabus como a paternidade divina ou humana de Cristo, se ele tivera outros irmãos, seus milagres, a traição de Judas, sua ressurreição, sua doutrina e a existência de outros mundos são abordados de forma polêmica, no entanto, em nenhum momento esses assuntos alteram o centro da história, que rotaciona os oitos livros publicados até então em torno da figura humanizada do Nazareno.
Com o primeiro volume da obra lançado em 1984, os demais livros foram publicados ao decorrer de longos intervalos forçando os leitores a aguardarem agonizantes silêncio de até sete anos. Como já mencionado, o lançamento do último exemplar da Operação Cavalo de Tróia está previsto para o final de 2008, enquanto sua versão traduzida custará mais alguns meses de ansiedade para o público brasileiro.
Testemunhas ou mentirosos? Imaginação, realidade ou puramente ficção literária? Usufruo aqui das palavras do próprio Benítez: “como aconteceu com Júlio Verne, só o futuro poderá dizer se este relato foi ou não verídico”.
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