segunda-feira, 2 de junho de 2008

Jornalistas são feitos de reféns por traficantes em favela no Rio

Do Portal G1

Em entrevista à Rádio CBN, o delegado Cláudio Ferraz, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), disse que todo apoio para ajudar a acabar com as milícias no Rio é importante. Mas não vê no momento, necessidade da ajuda do Ministério da Justiça para o caso específico das milícias.

“As investigações estão em andamento e acredito que ao longo dos próximos 30 dias teremos resultados. Esperamos que isso aconteça o mais rapidamente possível. Todo o apoio é bem-vindo. Mas neste caso específico, não vejo necessidade de contar com o Ministério da Justiça”, disse o delegado à rádio, ressaltando que o comanda da PM tem colaborado ativamente no trabalho de repressão às milícias.

O grupo que torturou a equipe de reportagem na favela teria cerca de 20 integrantes. Entre eles, segundo o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, haveria policiais militares.

No último dia 14, uma repórter, um fotógrafo e um motorista do jornal, que estavam morando havia duas semanas na favela do Batan, em Realengo, na Zona Oeste da cidade, foram agredidos com socos e pontapés, sofreram asfixia com sacos plásticos e foram torturados durante sete horas e meia por integrantes da milícia que domina a comunidade. Ferraz não informou se o morador que também teria sido torturado junto com os jornalistas pediu ou está recebendo algum tipo de proteção da polícia.

Milícias querem atuar no interior, diz delegado

Ferraz não soube precisar o número de milícias que ainda dominam as comunidades carentes da cidade. Mas observou que, de acordo com levantamentos do setor de inteligência da Polícia, as milícias querem ingressar no interior do estado.

“Milícia existe e é uma realidade incontestável. Existem processos tramitando sobre o envolvimento de parlamentares com milícia. Levantamos que há um interesse desses grupos em seguir para Macaé, Campos e Região Sul Fluminense, onde eles conseguiriam receber uma remuneração mais adequada para suas ações”, disse o titular da Draco, acrescentando que a principal característica das milícias é contar com a participação de agentes públicos, como policiais militares e civis, militares, bombeiros, agentes penitenciários e outros servidores públicos.

Segundo o delegado, as milícias não são formadas exclusivamente por PMs, mas por agentes públicos que normalmente nasceram, foram criados ou vivem na comunidade. Embora, os milicianos “vendam” a idéia de segurança contra traficantes, Ferraz disse que tem informações de milícias que mantêm uma relação promíscua com o tráfico.

“Temos notícias de milícias que tomaram a comunidade dos traficantes e depois “venderam” o fundo de comércio ao tráfico. Ou seja, eles devolveram a comunidade aos traficantes e depois retornaram para retomá-la”, contou Ferraz, sem revelar onde isso ocorreu. Para o delegado, a melhor maneira de combater as milícias é intensificar as ações de políticas públicas nas comunidades: “Milícia não se combate somente com repressão policial. É preciso que haja uma integração entre órgãos públicos e privados para a implantação de políticas públicas nesses locais”.

Cinco denúncias

Desde o dia 31 até a manhã desta segunda-feira (2), o Disque-Denúncia recebeu cinco telefonemas com informações sobre a existência de milícia na Favela do Batan, em Realengo. Dentre as denúncias há informações com nomes dos possíveis envolvidos no caso de tortura da equipe de reportagem de "O Dia".

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