Pequim viveu um dia de calor, com temperaturas de até 30 graus, mas os atletas brasileiros foram perseguidos por nuvenzinhas carregadas. Até a maior conquista verde-amarela do dia, o bronze de Tiago Camilo, teve um certo gosto amargo, já que o judoca era uma das maiores esperanças para colocar o país no alto do pódio. Da primeira derrota na praia às dores no ombro que forçaram a ausência de Giba, o Brasil vai penando para avançar na terça-feira.
Camilo pisou no tatame cheio de confiança, mas o sonho do ouro acabou na terceira luta, com um ippon do alemão Ole Bischof. Apesar do desânimo, o atual campeão mundial conseguiu se recuperar, subiu no terceiro degrau do pódio e garantiu a mais uma medalha para o Brasil nos Jogos – por enquanto, as três no judô, e as três de bronze. No feminino, Danielli Yuri perdeu logo na estréia, ao sofrer um ippon da sul-coreana Jayoung Kong. E até as derrotas de anteontem respingaram na terça-feira. Algoz de João Derly, o português Pedro Dias afirmou que tinha “assuntos pessoais” a resolver com o brasileiro. Derly desementiu que já teve um caso com a namorada do rival. Mas não foi só o tatame que fez o tempo brasileiro fechar.
Na areia, caiu a invencibilidade do vôlei de praia brasileiro em Pequim. Márcio e Fábio Luiz esbarraram no forte bloqueio dos austríacos Doppler e Gartmayer e frustraram a torcida verde-amarela. A dupla saiu na frente e venceu o primeiro set, mas perdeu o ritmo e permitiu a virada dos rivais. No vôlei de quadra, a vitória veio, mas não sem sustos. A começar por Giba, que ficou fora da partida contra a Sérvia por causa de dores no ombro. O time de Bernardinho perdeu o primeiro set, mas espantou a nuvem a tempo de vencer por 3 a 1.
O placar se repetiu no futebol feminino, que também começou mal e reagiu. A Nigéria abriu a contagem numa cobrança de pênalti e deu um susto nas brasileiras, mas brilhou a estrela de Cristiane. A atacante chutou a má fase para escanteio e fez três gols, incluindo um de bicicleta, para garantir a segunda vitória.
Pena que, dentro d’água, foi difícil encontrar alguém para salvar a pátria. Os Thiagos Gomes e Almeida foram eliminados na repescagem do remo masculino. Precisavam ficar entre os três primeiros, mas terminaram em quarto. A chance de disputar medalhas bateu na trave. No feminino, o resultado foi ainda pior: Luciana Granato e Camila de Carvalho fizeram o pior tempo nos 2 mil metros do skiff duplo. Ricardo Winicki, o Bimba, teve uma terça-feira frustrante. O velejador da classe RS:X caiu duas posições e ficou em nono lugar na classificação após as quatro primeiras regatas.
Ainda na água, Thiago Pereira foi poupado das eliminatórias dos 4x200m livre, enquanto Joanna Maranhão foi eliminada nos 200m borboleta e deu adeus a Pequim. Em três eliminatórias disputadas, ela não conseguiu se classificar em nenhuma. Kaio Márcio, ao menos, pulou na piscina do Cubo e avançou nos 200m borboleta. Quem realmente brilhou, para variar, foi Michael Phelps, que conquistou seu terceiro ouro na China. Nos 200m livre, a rotina foi mantida: degrau mais alto do pódio e recorde mundial. Com isso, o fenômeno americano, rumo à glória, iguala o maior número de ouros em Olimpíadas.
As nuvens que perseguiram o Brasil quase se estenderam à delegação espanhola. Campeã do mundo no basquete, a equipe de Pau Gasol chegou a estar 15 pontos atrás da China de Yao Ming. Os donos da casa se animaram e a torcida enlouqueceu, mas os europeus levaram o jogo à prorrogação e evitaram a primeira grande zebra do torneio.
Na ginástica artística, aí sim, os chineses puderam comemorar. A equipe confirmou o favoritismo e ficou com o ouro por equipes. Sem nuvens, em céu de brigadeiro.
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