Por Cristina Possamai e FolhaOnline
Crônica Popular
Grandes erupções vulcânicas já tiveram efeito refrigerador no clima da Terra, mas o recente evento na Islândia é pequeno demais para trazer alívio ao aquecimento global antropogênico.
O evento marcante desta capacidade de refrigeração vulcânica dos últimos 20 anos ocorreu em 1991, quando o Monte Pinatubo entrou em erupção nas Filipinas, resfriando a superfície terrestre em 0,5ºC no ano seguinte, o suficiente para compensar o impacto dos gases causadores de efeito estufa entre 1991 e 1993.
O resfriamento se explica por uma fórmula simples: o vulcão libera grande quantidade de cinzas vulcânicas e dióxido de enxofre, que são transportados para a estratosfera, camada da atmosfera acima da troposfera, a mais próxima da superfície. Lá, fenômenos físico-químicos criam uma fina camada de partículas esbranquiçadas que, durante meses ou anos, circundam a Terra e refletem parte dos raios solares, impedindo que a radiação atinja o solo.
Mas pesquisadores afirmaram que a erupção do vulcão na geleira Eyjafjallajokull foi pequena demais, não produzindo enxofre suficiente, e sua pluma circundou a uma altitude baixa demais para ter qualquer impacto climático. Qualquer efeito será muito insignificante.
Outra hipótese é que a atual erupção poderia desencadear outra ainda maior, no vizinho vulcão Katla. Em 1821-1823, o atual vulcão entrou em erupção e depois se silenciou, e ao fim do ciclo, foi a vez do Katla entrar em erupção.
De qualquer forma, o resfriamento vulcânico é apenas uma quebra temporária nos efeitos das emissões de gases estufa antropogênicas, apontadas como responsáveis pelas mudanças climáticas.
Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), a temperatura do planeta aumentou 0,74ºC entre 1906 e 2005. No últimos cinquenta anos deste período, o aquecimento dobrou, com um aumento de cerca de 0,13º C por década.
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